sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Por Que é Tão Difícil Voltar?

 Estou em vias de completar um ano vivendo aqui, na Ilha da Esmeralda, um lugar que eu sequer sabia a localização antes de pensar em morar. 

A Irlanda é um lugar simplesmente incrível, onde aprendi que existem lugares incrivelmente lindos e que não ficam no Brasil, aprendi que podemos pensar e nos vestir diferente sem causar estranheza, onde a culinária é diferente da nossa e nem por isso ela é pior, onde os laços familiares são diferentes dos nossos e isso não quer dizer que não se amem, onde a democracia realmente existe, aprendi o que significa ter segurança, aprendi o que é ganhar um salário mínimo e ainda assim conseguir viver com qualidade... Aprendi que não existe relação entre ter e poder, aprendi que até mesmo um gari pode ter um carro de luxo isso não significa que ele tenha roubado...

Na Irlanda aprendi a maravilha do compartilhamento, onde as pessoas doam de verdade, coisas de qualidade aos necessitados, onde as pessoas confiam umas nas outras sem necessidade de garantias, onde os mais velhos são respeitados e respeitosos... Aprendi o que é pagar o justo por um produto e não ser explorado por preços abusivos, aprendi a não explorar a classe trabalhadora e a dar mais valor em algumas pessoas... Na Irlanda aprendo que é possível ser feliz tendo pouco e vivendo de forma simples, pois o essencial não se pode comprar...

Vivi muitas situações durante esse período, muitas dessas que não tive tempo ou disposição para escrever aqui no blog... quem sabe um dia...



Inicialmente o plano era ficar por seis meses, que se estenderam para um ano... Estou eu aqui, agora, com menos de um mês faltando para meu embarque para casa.

O fato é que cada dia que se passa aumenta minha dúvida se devo ficar no Brasil ou passar mais algum tempo aqui, desfrutando ao máximo minha aventura, minha experiência, meu grande sonho que se realizou...

O Texto abaixo foi escrito por Glenda Gimuro, e retrata bem o que sinto neste momento

***
Depois de duas semanas lendo sobre o porquê dos meus companheiros do Brasil com Z  não quererem mais voltar a viver no Brasil, decidi escrever meu texto. Em 2009 já havíamos feito uma ronda sobre “voltar ou não voltar” entre os colaboradores deste blog coletivo de expatriad@s que vivem nos mais diversos cantos do mundo… os tempos eram outros, o pessoal também, mas quem quiser conferir pode clicar aqui. Inclusive eu dei minha opinião sobre a volta e decidir escrever de novo não porque tenha mudado de ideia, mas sim porque ampliei um pouco meu pensamento.

Não vou enumerar aqui a quantidade de problemas, principalmente sociais, ambientais e econômicos que existem no Brasil, uma porque depois dessa série de posts não vale a pena repetir, outra, porque todo mundo está careca de saber que no nosso país falta segurança, falta educação e saúde pública, falta tolerância, falta tanta coisa e sobra outras mais, como desigualdades, exclusões, injustiças.
Não sei quando volto ao Brasil pelo simples fato de que não sei se quero voltar ao Brasil. Gosto muito da vida que levo atualmente. A principal lição de vida que aprendi nestes 6 anos de Sevilha é que não é pobre o que menos tem, mas o que menos necessita. Aqui aprendi que não preciso de luxos para viver feliz, que com pouco dinheiro no bolso posso me divertir, ter uma vida cultural relativamente agitada e ainda viajar de vez em quando. Aprendi que a felicidade não se encontra em shopping e que autoestima não está diretamente relacionada com chapinha e unhas bem feitas. E não que no Brasil eu tivesse um padrão de vida alto ou fosse uma patricinha de carteirinha, mas depois de viver 6 anos em uma casa com móveis alugados, nossa percepção de vida muda muito.

Futilidades à parte, aqui aprendi que se trabalha para viver e não se vive para trabalhar. Isso significa realmente aproveitar a vida. A grande maioria do pessoal aqui do sul trabalha o justo e necessário para poder garantir um lazer a nível máximo, um happy hour no final do dia, uma escapada no final de semana e umas férias de verão de um mês. Horas extras, 60 horas de trabalho semanais, um final de semana em casa atolado de prazos esgotados? Óbvio que isso acontece, mas não é regra e nem o cotidiano dos sevillanos. Conheço funcionários públicos que pedem redução de salário para poder ficar uma hora a mais com os filhos em casa.

Aprendi a deixar o carro na garagem (leia-se estacionado na rua) e usar o transporte público. Voltei a aprender a andar de bicicleta. De onde eu moro eu chego a qualquer parte da cidade em menos de 40 minutos de pedalada (e Sevilla não é uma cidade pequena, tem quase 800 mil habitantes fora a zona metropolitana). Não tem preço poder ir e vir respirando ar fresco (ok, nem sempre, afinal, estamos numa zona urbana) e de quebra fazer exercícios.

Aprendi a ser tolerante, a respeitar mais as diferenças, a descobrir a diversidade de raças, culturas, estilos de vida e pensamento muito diferentes dos nossos, brasileiros, muitas vezes machistas, egoístas e hipócritas (como também já foi citado nos posts dos meus colegas de Brasil com Z). Aprendi que viver no mesmo edifício que o motorista do caminhão de lixo e comer no mesmo restaurante da faxineira da piscina é uma coisa absolutamente normal,  pois a tal diferença de “classes” é estupidamente menor. Aprendi a conviver com famílias com dois pais, duas mães e até duas mães e um pai, a não falar mal de uma mulher escabelada na padaria, a não ficar horrorizada com um «modelito» fora do «normal». Aprendi que o normal pode ser qualquer coisa, que cada pessoa é um mundo e que cada um de nós cuida do seu próprio mundo pessoal, sem precisar de aparências ou máscaras. E ao mesmo tempo aprendi que todos devemos cuidar do nosso mundo coletivo, que a força do ser em conjunto é muito importante e que, melhor de tudo, dá resultados.

Aprendi que as diferenças nem sempre geram integração, que podem causar desigualdades por estes lados também. Que imigrante é uma classe de pessoa que tem que correr atrás do prejuízo, que tem que lutar muito para conseguir se estabelecer e que, por questões que fogem as suas capacidades, nem sempre consegue o seu lugar ao sol. Aprendi que o ser humano, não importa a sua nacionalidade, está longe de ser perfeito, e apesar de tanta tolerância e igualdade por um lado, pode ser bastante preconceituoso e injusto por outro.

Então, depois de conviver com tantos outros valores e realidades, muitas vezes penso que não tenho vontade de voltar a morar no Brasil. Quem, depois de aprender a cruzar uma rua pela faixa de segurança sem nem precisar olhar para os lados ou se acostumar a voltar para casa a pé às 3 da manhã, desfrutando do cheiro das flores de laranjeira e do silêncio da madrugada sem precisar olhar para trás, pensa um dia em regressar à sua pátria amada? Quem depois de dar risada (ou se irritar, no meu caso) com as crianças de uniforme do colégio jogando bola em plena praça central, de se habituar a pegar a sua bicicleta e fazer um piquenique no parque público ou de ver uma roda de velhinhos e velhinhas tomando cerveja (sem álcool) felizes e cheirosos no mesmo bar que a garotada de 20 anos pode cogitar a hipótese de não viver mais essas coisas, aparentemente tão banais, mas que no Brasil parece que há muito tempo não existe?

Claro, nem tudo são rosas… Não sou casada com espanhol, não tenho meu diploma de arquiteta homologado para assinar projetos na Espanha (se bem que na atual situação econômica, «projetos» é coisa rara por aqui), vivo com um visto de estudante que não me dá direito à nacionalidade, não tenho direito à saúde pública (apenas atendimento de emergência) e pelo menos nos próximos anos não vejo nenhum futuro profissional na minha área (nem eu, nem 20% da população ativa do país, nem a maioria absoluta dos jovens recém-formados). Não tenho filhos espanhóis e em teoria, nada me prende aqui. Mais cedo ou mais tarde (cada vez mais é mais cedo, já que estou no segundo ano do doutorado) vou ter que tomar a fatídica decisão: volto ou não volto ao Brasil? Qualidade de vida acessível a um bolso pouco cheio ou um bom trabalho (ou um trabalho qualquer)?)?

Meu consolo é que este mundo é enorme, como já dizia o poeta, «grande demais para nascer e morrer no mesmo lugar». Confesso que não sei se tenho o mesmo ânimo para recomeçar tudo de novo em um país novo, mas quem disse que se eu voltasse ao Brasil eu não teria que recomeçar do zero? E entre recomeçar com qualidade de vida e recomeçar rodeada de violência, desigualdades e injustiças, só fico na dúvida porque neste último caso também estaria rodeada de muito amor, amigos e família (únicos motivos reais que me fazem pensar em voltar a viver no Brasil).

Enfim, todo mundo deveria ter a oportunidade de sair da sua bolha, ver o mundo com outros olhos, aprender novos valores e, quem sabe, voltar e conseguir lutar por um lugar melhor. O Brasil é um país com duas caras, lindo e horrível ao mesmo tempo. Sei que sou uma privilegiada por estar onde estou e que muita gente se tivesse condições já estava com as malas prontas e a passagem comprada para se mandar… e a gente aqui falando em voltar. Adoraria poder voltar e tentar fazer do meu Brasil um lugar melhor para se viver, mas ao mesmo tempo me sinto muito ingênua em pensar que isso poderia ser possível. Ninguém tem a resposta e não sou a única em duvidar do “desenvolvimento” do Brasil.

Queria viver entre os «meus», mas a cada dia que passa me sinto menos parte dos que ficaram. Já não penso em altos salários, altos cargos, muito dinheiro para ser feliz. Embora muita gente siga pensando ao contrário, dinheiro não é e nem nunca foi garantia de felicidade. Felicidade para mim é isso, poder levar a vida sem pausa, mas sem pressa, sem paradeiro se eu assim quiser. Posso não estar com os bolsos cheios, mas percebi que não necessito nada disso para ter uma vida confortável, alegre e divertida.

Tive que cruzar o oceano para perceber isso? Sim. Não poderia ter aprendido tudo isso no Brasil? Claro que sim, mas quem sabe a comparativa não existiria. Enquanto isso, continuo aproveitando esta grande oportunidade de fazer parte de outro mundo, que apesar de todos os problemas que existem como em um lugar qualquer, parece que é mais justo e respeitoso que o mundo onde nasci.
***

Este texto foi escrito pela Glenda Dimuro em Julho de 2011. Incrível como tanto tempo depois ainda se encaixa perfeitamente no momento que estou vivendo. Faço dela minhas palavras, com a diferença que minha decisão ainda não está tomada, e que diferente dela (eu imagino), minha decisão precisa ser compartilhada com meu amado esposo. Visitem seu blog CoisaParecida, vale muito a pena.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Suando a Camisa - Trabalho na Irlanda

Sei que andei meio sumida nos posts, peço desculpas, mas ando bastante ocupada com o trabalho. Pois é, essa ideia de querer vir para a Europa onde a moeda local é em média três vezes mais cara do que a moeda no seu país faz com que a gente precise “rebolar” para garantir a sobrevivência.

Como já sabem, cheguei em Dublin no final do mês de Janeiro, inverno e praticamente escasso de trabalho, principalmente para quem, como eu na época, não falava o idioma local. Cinco longos meses se passaram até que eu conseguisse arrumar meu primeiro emprego.

Tenho que admitir que em parte foi porque não me dediquei tanto quanto poderia nessa busca, pois preferi investir meu tempo estudando duro para aprender o inglês, já que esse sempre foi meu objetivo principal e também porque é essencial para qualquer trabalho. Havia trazido dinheiro para me sustentar, o trabalho seria apenas como um extra para viagens e para minha listinha de desejos (>-_-<).

Após cinco meses árduos e longas horas diárias estudando, consegui pular do nível Elementary (nível básico) de inglês para o nível Upper Intermediate (penúltimo nível). Não posso afirmar que me sinto tão segura quanto a esse nível, mas posso afirmar que não passo mais apuros na hora de me comunicar.

A maioria dos trabalhos aqui em Dublin são “conquistados” na base da indicação. Entra aí a importância de não se afastar dos seus amigos brasileiros, tema tão polêmico aqui pela cidade, pois são essas pessoas que podem te ajudar a conseguir seu primeiro emprego. E esteja certo, o primeiro emprego, pode-se dizer que é o mais importante, pois é ele que te direciona para os próximos, caso haja o próximo.

Um domingo estava eu na igreja, tentando acompanhar o culto em inglês, quando alguém mencionou que a esposa havia conseguido trabalho e que lá estavam precisando de muitas pessoas extras. Quem tivesse interesse deveria entrar em contato ao final do culto.

Pois bem, consegui meu primeiro emprego: cleaner. O trabalho consiste em fazer limpeza pesada (pesada mesmo) em residência estudantil de uma famosa universidade de Dublin, que no verão, com a saída dos alunos para as férias, se transforma em uma espécie de hotel. Após a limpeza pesada, que durou cerca de três semanas, iniciamos o trabalho de manutenção da limpeza, trabalho esse um pouco menos pesado, mas tão corrido quanto.

Quando adolescente sempre desdenhei o trabalho doméstico, nunca gostei de fazer e sempre reclamei quando era necessário. Hoje agradeço a minha mãezinha que pacientemente me ensinou a fazê-lo, pois isso garantiu que eu me adaptasse mais rápido ao trabalho.

É também uma divergente discussão quanto à facilidade ou não de se conseguir um trabalho em Dublin. Minha opinião é clara: É Muito Difícil! Tem trabalho, mas como a oferta de “profissionais” aumentou muito nos últimos anos (parte devido à crise na Europa e parte devido à invasão de brasileiros e estrangeiros de outras nacionalidades), as exigências para o trabalho também aumentaram. 

Quando se vê um anúncio de vaga, geralmente ele é acompanhado de requisitos como: mínimo 2 anos de experiência NA IRLANDA, inglês fluente, entre outros. Coloquei o “na Irlanda” em letras garrafais para explicar uma situação muito comum por aqui.

Os brasileiros quando chegam, geralmente possuem alguma formação ou profissão no Brasil que lhes permita juntar dinheiro suficiente para um intercâmbio. Por essa razão, poucos ou nenhum possui experiência em cleaner, babá, garçom  lavador de pratos entregador de jornal ou similares (esses são os trabalhos mais comuns para estrangeiros por aqui). Como precisam do trabalho, inventam experiências no currículo  se apoiando no fato de que dificilmente algum empregador irá ligar para checar as referências ou mesmo que ligue não conseguirá uma comunicação muito fácil devido ao idioma. Saturados de contratar profissionais com belos currículos e nenhuma experiência quando colocada à prova, os empregadores começaram a exigir tempo mínimo de experiência na Irlanda. Simples assim.

Não sei se por ignorância ou apenas descaso, os empregadores não conseguem imaginar que com um salário de subemprego no Brasil, dificilmente teríamos condições financeiras de encarar um intercâmbio e investir tanto dinheiro. Não pensam que a maioria dos brasileiros que chegam aqui são estudantes e que querem trabalhar apenas para complementar a renda que trouxe ou para sua manutenção pessoal. O fato é que enquanto a oferta continuar tão grande, dificilmente essa situação irá mudar.

Muitas pessoas aproveitam o fato de receber em euro para fazer uma "graninha" extra no Brasil, pois como é mais valorizado que o real, com uma quantia pequena é possível fazer uma boa poupança. Com o custo de vida baixo aqui, é possível tirar as despesas mensais, ter algum lazer e ainda sobrar dinheiro ao final do mês.

Hoje continuo me deleitando com o trabalho de cleaner e, em busca de algum outro que possa complementar a renda com mais horas diárias, já que o curso terminou e tenho mais tempo livre. Digo deleitar-me porque o trabalho de cleaner é um dos mais bem pagos com uma média de 10 euros por hora trabalhada. Não é raro ver brasileiras que, desesperadas por um trabalho, são "escravizadas" em troca de míseros 80 euros semanais e alimentação para morar em uma casa de família e cuidar de em média três crianças e ainda realizar tarefas domésticas.

Estou trabalhando e fazendo as contas de quantas viagens posso fazer com o que estou ganhando. Não dá pra dizer que seja fácil, muitas vezes precisamos passar por situações difíceis, incluindo desrespeito e humilhações, mas procuro focar apenas no dinheiro e relevar tudo isso, absorvendo apenas o aprendizado e esquecendo o resto.

E continuamos na luta! =]

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Malahide e seu Castelo (28/Abr/2013)

Um domingo desses planejamos seguir rumo a Malahide, uma pequena cidade perto de Dublin que fica no litoral, localizada no condado de Fingal. É um dos destino mais visitados por quem vem para a região, por ser um passeio de baixo custo e muito bonito.

Havíamos recentemente chegado de nossa trip para Paris e Londres e não queríamos fazer grandes investimentos. Gastamos € 5,60 cada um para ir e voltar de ônibus, um investimento baixo para um passeio muito rico.

A principal atração de Malahide é seu castelo e sua história. O Castelo de Malahide está situado em um parque regional com 1,1 km² de área, onde em dias mais quentes é um ótimo lugar para um piquenique. Não demos muita sorte, pois estava frio e havia chovido, deixando a grama molhada. Ainda assim estávamos contentes por não estar passando o domingo em casa.





A propriedade teve início em 1185, quando Richard Talbot, um cavaleiro que acompanhou Henrique II à Irlanda em 1174, foi beneficiado com as "terras e porto de Malahide". É um do castelos mais antigos da Irlanda e é impressionante como ainda resiste ao tempo (mesmo considerando os trabalhos de restauração). As partes mais velhas do castelo datam do século XII, quando serviu de residência à família Talbot por 791 anos, de 1185 até 1976. Atualmente é aberto para visitação pagando uma quantia que particularmente acho alta, dado-se o tamanho do local.

Resolvemos não visitar o interior do castelo. Como já disse, havíamos recém chegado de Paris e Londres, onde pagávamos cerca de 8 euros para visitar museus enormes. Quando vimos que para visitar este pequenino castelo era o mesmo valor ficamos chocados. Não quero de forma alguma desmerecer a importância do lugar, só achei o preço muito elevado.


Caminhamos pelos parques e fomos em direção a um conhecido local para compra de lembranças e comidas, a Avoca. Nos encantamos com as lembranças, compramos umas sobremesas e resolvemos comer sentados em algum banco do parque.


Caminhamos pelo parque e decidimos comer nossas sobremesas na praia, pois achamos a vista seria mais interessante. Enquanto procurávamos um local para nos acomodar começou uma chuva forte, com direito a granizo e tudo mais. Paramos em um Café e aproveitamos (é claro, depois de comprar algo no café) para saborear nosso lanche por ali mesmo.


Ao passar a chuva, continuamos com nosso passeio, conhecendo o porto e as praias com pedras no lugar da areia. É um lugar muito bonito e rende boas fotos. Mesmo com o frio daquele dia houve quem tenha se animado para um mergulho.



É realmente um lugar ótimo. Deve ser maravilhoso morar nessa região, ter essa vista linda diariamente, poder levar o cachorro para passear, as crianças para brincar ou apenas sair para escutar os próprios pensamentos.












Após uma longa caminhada, paramos para comer o tradicional prato do local (acho que esse prato é tradicional em toda a Irlanda): "Fish and Chips" (peixe frito com batatas fritas). Nos indicaram o “Marius” como tendo a melhor pizza da região, mas insistimos no Fish and Chips. Após comer minha refeição cheguei a conclusão de que deveria ter aceitado a sugestão da pizza.



Pegamos o ônibus retornando a Dublin e fomos ao nosso merecido descanso de final de dia. Até o próximo post! =D

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Belfast, Ballintoy (Carrick-a-Rede Rope Bridge), Bushmaills (Giants Causeway) e Drogheda (03/Jun/2013) – Feriadão no Norte da Irlanda

Acordamos cedo para iniciar nosso último dia de aventuras. Tomamos nosso café na rua mesmo, enquanto procurávamos uma loja de gifts aberta. Compramos nossas lembranças da cidade (por aqui cada um tem um tipo de tradição: tem que queira um moleton de cada cidade que passar, tem quem queira uma camiseta, um globinho com o nome da cidade, uma placa, uma bandeira, um chaveiro e, no meu caso, um imã de geladeira).



Carrick-a-Rede Rope Bridge (Ballintoy)
Fomos em direção à Carrick-a-Rede Rope Bridge, uma famosa ponte de cordas perto Ballintoy na Irlanda do Norte. Ela se estende por 20 metros e está a 30 metros acima das rochas. A ponte é principalmente uma atração turística e é mantida pelo National Trust. Em 2009 teve 247 mil visitantes. A ponte está aberta durante todo o ano (sujeito a intempéries) e as pessoas podem cruzá-la pagando uma taxa. Rege a lenda que pescadores de salmão foram erguendo a ponte durante cerca de 300 anos, porém ela foi restaurada e é muito segura, apesar de causar bastante medo nos turistas.

A vista é fantástica, principalmente quando o tempo ajuda. Infelizmente quando chegamos encontramos muita neblina, o que impossibilitava que nossas fotos ficassem ainda mais bonitas.


















Inicialmente, após escutar muitas estórias sobre a ponte e o quanto eu poderia sentir medo ao cruzá-la, resolvi vê-la primeiro, antes de comprar o ticket para cruzá-la. Quando chegamos finalmente à ponte após aproximadamente um quilômetro de caminhada, não achei tão assustadora assim. O local para comprar os tickets fica um pouco distante da entrada da ponte, juntando-se ao fato de que ninguém mais me acompanharia ao outro lado da ilha. Resolvi então que apenas apreciaria a vista. Ainda assim, é incrivelmente bonito o local.

Giants Causeway (Bushmaills)
Saímos en direção aos Giants Causeway (a Calçada dos Gigantes), um conjunto de cerca de 40.000 colunas prismáticas, encaixadas como se formassem uma enorme calçada de pedras gigantescas, formadas pela disjunção de uma grande massa de lava resultante de uma erupção vulcânica ocorrida há cerca de 60 milhões de anos. Foi declarada como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1986 sob o nome de "Calçada dos Gigantes e sua Costa", e como Reserva Natural em 1987.

A Calçada dos Gigantes, também é conhecida, de uma forma peculiar graças à capa do álbum Houses of the Holy, da banda britânica de rock Led Zeppelin.

A atividade vulcânica nessa área fez a rocha derretida subir através de fendas no calcário, com temperatura média de mais de 1000̊C. Quando entrou em contato com o ar,ela se resfriou e se solidificou. O magma se encolhia à medida que se resfriava lentamente e, por causa de sua composição química, fendas hexagonais regulares se formaram na superfície. Enquanto o magma continuava a se resfriar por dentro, as fendas desciam gradualmente, formando a grande quantidade de colunas de basalto semelhantes a lápis.

Segundo uma lenda irlandesa um gigante chamado Finn MacCool queria enfrentar numa luta um gigante escocês chamado Benandonner, mas havia um problema: não existia uma embarcação com tamanho suficiente para atravessar o mar e levar um ao encontro do outro. MacCool resolveu o problema construindo uma calçada que ligava os dois lados, usando enormes colunas de pedra. Benandonner aceitou o desafio e viajou pela calçada ate à Irlanda. Ele era mais forte e maior do que MacCool. Percebendo isso a esposa de Finn MacCool, de forma muito perspicaz decidiu vestir seu marido gigante como um bebê. Quando Benandonner chegou à casa dos dois e viu o bebê, pensou: “Se o bebê deste tamanho, imagine-se o pai!”, e fugiu correndo de volta para a Escócia. Para ter certeza de que não seria perseguido por Finn MacCool destruiu a estrada enquanto corria, restando apenas as pedras que agora formam a Calçada dos Gigantes.






































Bom, toda essa história e lendas à parte, o lugar é incrível. Difícil não pensar que àquele lugar não foi realmente construído por pessoas. As pedras realmente não parecem ser resultado da natureza e de seus fenômenos. Caminhamos pelo local por cerca de algumas horas, subimos uma escada com 162 degraus e voltamos com a sensação de dever cumprido! Um lugar maravilhoso para uma aventura de final de semana.

Museu Titanic
Saindo de lá fomos em direção ao  maior museu dedicado ao Titanic no mundo, que abriu suas portas em Belfast em 2012. O edifício tem seis andares e abriga exposições que contam toda a história do transatlântico, desde sua construção até o seu naufrágio, ocorrido há 100 anos, que deixou mais de 1.500 mortos, sendo que a embarcação tinha 2.200 passageiros.

O novo museu dedicado ao navio não tem objetos de época. Tudo é novo, recriado como os originais, do mobiliário às louças, e os efeitos especiais e experiências em terceira dimensão levam o visitante à lenda. Ao visitar o museu, o público pode conhecer reproduções fieis dos mais diversos ambientes do Titanic, como as cabines de primeira e segunda classe. Exposições multimídia, relatos detalhados sobre o naufrágio e vídeos que mostram o interior da carcaça do navio no fundo do mar também fazer parte do cardápio.










O museu foi erguido às margens do rio Lagan, no exato local onde funcionava o estaleiro Harland and Wolff, que construiu o Titanic. Um dos objetivos do empreendimento é, segundo o governo local, atrair mais turistas para a Irlanda do Norte, país pouco buscado por pessoas que visitam o Reino Unido.

Não ficamos muito animados em entrar no museu, por isso deixamos a visita para o final do dia, quando já teríamos feito nossos outros passeios e estaríamos a caminho de casa. O prédio é bem moderno e bonito e, todas os seus lados lembram a ponta de um grande navio.

O Muro da Paz de Belfast
Ainda tentamos encontrar o muro da Paz em Belfast. Ao procurá-lo, passamos por ele muitas vezes sem saber e fomos embora acreditando que não o havíamos encontrado. A Irlanda do Norte passa por conflitos desde que a República da Irlanda tornou-se independente. Foram tantos conflitos, tantos os mortos, que o governo decidiu construir um muro separando católicos e protestantes para minimizar os conflitos, muro este construído na década de 70 a 90. É um muro de 7 metros de altura que se estende por quilômetros e foi construído de forma a tentar evitar que a população continuasse a se matar em nome de Deus.

Ainda hoje, após um acordo de paz firmado em 1998, a população vive dividida e o muro persiste de pé. A cidade vive dividida, com bandeiras irlandesas de um lado e inglesas de outro. O local acabou se tornando uma “atração” turística, talvez por ser um lado obscuro da Europa, principalmente por envolver o Reino Unido, uma das maiores potências do continente. O fato é que vimos esse famigerado muro por toda Belfast, com suas pinturas e frases que ainda remetem ao conflito e fomos embora sem saber que àquele era "o muro".



Drogheda
Já a caminho de casa, passamos por várias pequenas cidades da Irlanda e por estradas charmosíssimas. Paramos em uma cidadezinha bem simpática chamada Drogheda, numa pausa para um sorvete e banheiro. A essa altura já eram quase 9 horas da noite e o sol ainda raiava. Se tivéssemos mais tempo talvez pudéssemos caminhar um pouco para conhecer a pequena cidade, mas estávamos cansados e queríamos chegar em casa.




Continuamos nosso percurso e passamos por lugares muito bonitos. Após mais de 4 meses morando em Dublin já não a considero tão bonita quanto quando cheguei (coisas do tipo "a grama do vizinho é mais bonita"). Ainda assim, quando saio do centro ou mudo de cidade, tenho que admitir que essa pequena ilha tem muito mais a oferecer para quem tiver a coragem de desbravá-la.


Fizemos nossa parte e, nessa aventura conhecemos o norte da Irlanda, cidadezinhas encantadoras e acolhedoras, que nos deixa imensamente felizes quando não encontrando brasileiros conseguimos nos comunicar em inglês sem maiores problemas.


Agora temos que planejar nossa aventura ao sul da Irlanda. Até lá! =D