Florença é um
município da Itália, capital e maior cidade da região da Toscana. Durante
muito tempo foi considerada a capital da moda. É considerado o berço do
Renascimento italiano, e uma das cidades mais belas do mundo. Tornou-se
célebre, também, por ser a cidade natal de Dante Alighieri,
autor da "Divina Comédia", que é um
marco da literatura universal.
Quando montei nosso
roteiro e selecionei os lugares por onde passaríamos, sabia de antemão que
Florença era uma das principais cidades turísticas italianas e uma das mais
importantes no que diz respeito à arte. Havia inclusive escolhido visitar
Florença à Milão, por uma indicação de um italiano que conheci na escola.
Quando saímos de
Roma com Destino a Pisa (viagem de aproximadamente três horas), não fomos em
nenhum momento questionados quanto à passagens. O mesmo aconteceu no trajeto
Pisa/Florença. Para nossa surpresa, no trem percorria uma única estação, na
qual não tínhamos as passagens, fomos questionados a mostrá-las. Muito
calmamente (apenas for fora, é claro), mostrei a passagem que tínhamos (o
trajeto Pisa/Florença) já pensando em mil formas de explicar o que havia
acontecido e o porquê de não termos uma passagem válida para este trajeto. O
rapaz olhava para o papel como quem olha para um óvni. Após alguns minutos de
tensão ele nos devolveu as passagens e nos questionou o fato de o documento não
conter o logotipo da empresa e estar em um formato diferente do que ele estava
habituado a ver (havíamos comprado via internet). Devolveu-nos o documento e
saiu resmungando alguma coisa em italiano. Foi bastante tenso, mas nos acabamos
de rir depois. Como disse, tragicômico.
Ao chegarmos a
Florença, o tempo estava variando entre muita chuva e garoa. Isso foi o
suficiente para que a cidade passasse praticamente despercebida por nós no que
diz respeito à sua importância. É claro que foi inevitável notarmos a beleza de
suas construções, mas a essa altura, já estávamos achando tudo muito parecido:
construções antigas (como se tivessem sido construídas para gigantes), vielas e
ruas charmosas (mas nem tanto devido à chuva, que deixava as ruas e calçadas
escorregadias), muitas lojas de gifts e etc.
Nosso primeiro
destino foi a Galeria Dell’Academia, um importante museu de Florença dedicado
à preservação de obras de arte de fins do gótico até o final do século XIX. É
neste lugar que se encontra o David de Michelangelo. Ao chegarmos ao local
descobrimos que naquele dia estaria fechado ao público. Não chegou a ser uma
decepção, pois o fato de meus parceiros de viagem (com exceção da minha cunhada
Sônia) não apreciarem muito visitas a museus, me deixou um pouco menos
incomodada por não ter que forçá-los a nos esperar por um longo período ou
fazer uma visita indesejada.

Seguimos em direção
a Catedral Santa Maria de Fiori, mas acabamos nos deparando primeiro com o
Pallazio Vecchio, que atualmente é a prefeitura de Florença e no seu interior
acolhe um museu que expõe, entre outras, obras de Agnolo Bronzino, Michelangelo
Buonarroti e Giorgio Vasari. Mais uma vez não entramos no prédio, pois a
entrada não era gratuita e não tive total apoio para o pagamento. Dessa vez
tenho que admitir que o exterior por si só é praticamente um museu, com muitas
esculturas. Não possui as obras lindíssimas que pude ver em fotos na internet,
com o teto e paredes totalmente adornadas pelos mestres da pintura
renascentista, mas ainda assim não posso dizer que foi decepcionante.
Para ser sincera,
apesar de achar as esculturas realmente fantásticas, ao olhá-las sempre tenho
um sentimento de repúdio ou no mínimo estranheza. Cada uma delas representa um
período ou um acontecimento, mas sempre tenho uma sensação de exagerada
brutalidade nesses acontecimentos. Não nego que seja arte e que o trabalho seja
de uma perfeição admirável quando imaginamos que os originais foram feitos em
épocas onde os equipamentos não possuíam precisão e que os materiais utilizados
não eram os mais maleáveis.
Permanecemos um
tempo por ali e também passam pelo exterior da Galeria Uffizy, um dos mais
famosos museus de arte do mundo, com seu acervo abrangendo de pinturas do
renascimento até esculturas da Idade. La está exposta a obra O Nascimento de
Vênus de Boticelli. A galeria é um desafio físico para os visitantes. Não tanto
pelo tamanho, mas porque são mais de 1.500 obras de arte dispostas em 45 salas.
Mais uma vez visitamos apenas o exterior, o que obviamente não é suficiente,
mas era tudo o que tínhamos no momento.
Quando a chuva nos
permitiu, nos encaminhamos para a Catedral Santa Maria de Fiori, uma igreja
revestida com mármore verde, rosa e branco, o Duomo, levou quase 2 séculos para
ser construída, é um dos principais cartões postais de Florença. É a 4ª maior
catedral do mundo. Este provavelmente foi o lugar que mais me impressionou na
cidade e o ponto auge do nosso dia. Olhar para essa igreja me fez pensar se não
estaria a maior parte do mármore e granito da terra concentrado na cidade de
Florença. É uma verdadeira obra de arte.

Seguimos então para
a Ponte Vecchia, uma das mais famosas pontes do mundo, construída no século XIV
sobre o rio Arno, usada inicialmente como açougue e, mais tarde, ocupada por
ourives, os quais continuam ali ainda hoje. Olhando-a por fora, me recordo
do livro “O Cortiço”, de Aluísio de Azevedo, que denuncia a exploração e as
péssimas condições de vida dos moradores das estalagens ou dos cortiços
cariocas do final do século XIX. Certamente quando li esse livro
imaginei as casas como àquelas lojas da Ponte Vecchia. Amontoadas, sem
padronização, com construções saltando para fora do limite da ponte.
Ao me
aproximar do local, no entanto, é possível notar de imediato o contraste.
Dezenas de luxuosas joalherias, com preços de enfartar apenas de olhar, com
peças dos sonhos de qualquer mulher. Existem também muitas lojas de presentes
ou decoração, com preços igualmente nada atrativos. Cruzei a ponte estupefata
com tanta beleza. Não tenho condições de descrever de uma forma melhor a não
ser dizendo que é um dos lugares mais caros em que já estive.
Caminhamos em
direção à Igreja Santa Croce, desenhada em forma de cruz egípcia (T), com um
interior de dimensões impressionantes, essa é a maior igreja franciscana da
Italia. Admito que após visitarmos a Catedral Santa Maria de Fiori, esta ficou
praticamente “insignificante” em relação à tamanho. Talvez devêssemos tê-la
visitado antes... Ainda assim é inegável sua beleza e mais uma vez reafirmava
mentalmente que todo o mármore do mundo estava aqui por essas bandas...
Ainda tínhamos algum
tempo, mas estávamos exaustos e um pouco mal-humorados devido ao mau tempo.
Resolvemos ir para o hostel esperar o horário do nosso trem, que partiria para
Veneza ainda naquela noite.
Após ter visitado
Florença, tive uma sensação incômoda, frustrante, por não tê-la aproveitado
melhor. Após sairmos da cidade eu a havia elegido como a pior cidade que eu
havia passado. Apesar de ter gostado de algumas coisas, não havia gostado do
passeio. Muitos meses depois, por influência da Sônia (minha cunhada e
companheira nesta viagem), li o livro “Inferno” escrito por Dan Brown, que faz menções à história de Dante e especula sobre sua obra, a Divina Comédia. Este
livro fez com que eu me reapaixonasse por Florença, e despertou em mim o desejo
de retornar um dia, para apreciar todas as obras como elas realmente merecem.
Escrevendo este post
só pude me certificar do que eu já imaginava. Quando visitei Florença, não foi
apenas a chuva que foi incômoda naquele dia, mas o fato de apenas termos
caminhado o dia inteiro para “constatar” que todos os lugares estavam onde
deveriam estar. Não estou dizendo que precisamos entrar em todos os museus de
todas as cidades que visitarmos, mas quando você montar um roteiro e eleger
alguns lugares para conhecer, realmente os conheça, e não se importe de pagar a
taxa de entrada ou de fazer seus companheiros de viagem te esperar por algumas
horas que sejam. Certamente isso fará toda a diferença para tornar sua viagem
inesquecível. Florença tornou-se para mim uma cidade que ainda me espera para
conhecê-la de verdade.
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