terça-feira, 26 de março de 2013

Cliffs of Moher, Castelo de Dunquaire e Galway num Passeio de Domingo


Quando decidi que era Dublin o meu destino, fiz uma interminável lista mental das várias cidades na Europa que eu gostaria de conhecer e, nessa lista não incluía nenhuma cidade no país onde eu iria morar, a Irlanda. Conversando com as pessoas por aqui descobrimos que existem lugares lindíssimos para visitar e, o principal, por um preço bem acessível! Assim que chegamos fomos conhecer Wicklow, uma cidade belíssima. Agora foi a vez de conhecer Galway e os Cliffs of Moher.

Estávamos planejando uma viagem de ônibus com alguns amigos de classe, pois dessa forma sairia mais barato, mas na última hora descobrimos uma excursão que iria para lá com um pacote mais interessante.

Acordei às 5:45 da madrugada, o Edigar estava chegando do trabalho (isso mesmo, ele não dormiu), nos arrumamos, tomamos um café rapidamente e fomos encontrar o pessoal, pois o passeio tinha partida prevista para às 7:00 e era uma boa caminhada. Quando chegamos ao ponto de encontro descobrimos que só iríamos partir às 8:30... fiquei bem irritada, não gosto que me façam esperar... Mas acabou que ficou tudo bem no final.

Eram três horas de viagem, pois Galway é do lado oposto da ilha, tínhamos que cruzá-la (quanto tempo será que demora para cruzar o Brasil?). Por esse motivo, após as piadas e bagunça inicial de qualquer excursão, todos dormindo e o Edigar pode descansar. Nosso motorista não era muito bom... se perdeu umas três vezes. O outro ônibus da excursão foi embora e o nosso ficou tentando se encontrar... chegamos atrasados ao nosso destino.




Aqui na Irlanda existe uma lei que proíbe os motoristas a dirigirem por mais de duas horas consecutivas, por isso após duas horas, parada no Mc Donald’s para o banheiro e continuar. Continuamos nosso trajeto e finalmente chegamos ao nosso primeiro destino: os Cliffs of Moher. A palavra “Cliffs” nada mais é do que “Falésias”.

Cliffs of Moher (As Falésias de Moher)
As Falésias de Moher ficam localizadas no oeste da irlanda, fazendo fronteira com o Oceano Atlântico, no condado de Claire. Esses Cliffs foram finalistas no concurso para eleger as 7 maravilhas naturais da terra (concurso esse onde as nossas Cataratas do Iguaçu foram eleitas uma das 7).

O nome deriva de um antigo forte chamado "Mothar", destruído durante as guerras contra Napoleão para a construção de um farol. As falésias estendem-se 8 km e atingem a sua altura máxima de 214 metros ao norte da Torre de O'Brien, que é uma torre de pedra redonda construída para servir como ponto de observação para turistas ou, segundo a lenda, para impressionar as mulheres.

A vista das falésias atrai perto de um milhão de visitantes por ano. Num dia limpo, são visíveis as ilhas de Aran na Baía de Galway, tal como os vales e colinas de Connemara. As Falésias são um ponto importante de nidificação de aves marinhas na Irlanda e estão incluídas numa Área Especial de Proteção ambiental.












O lugar é simplesmente lindo. É uma pena tê-lo visitado em um dia nublado, o que ofusca a beleza das fotos. Ficamos por lá cerca de uma hora e meia e saímos para nossa próxima parada.

O Castelo de Dunquaire
Paramos para conhecer o “popular” Castelo de Dunquaire. Esse castelo fica a cerca de 20 Km de Galway, numa cidadezinha chamada Kinvara. Tecnicamente, não é bem um castelo, e sim o que eles chamavam de "tower houses", uma espécie de residência fortificada, onde moravam as pessoas mais abonadas e poderosas da região. Talvez em outras épocas seja possível entrar e conhecê-lo, mas não nessa. Paramos, tiramos umas fotos e só. Não vi nada de mais, uma cada grande e antiga. Talvez pela sua idade seja bem interessante, mas na minha opinião não merece tanto destaque.



Nesse lugar o que me chamou a atenção mesmo foi o charme das casas. Quem diria que é possível morar em uma linda casa com telhado de palha? Pois eu pude ver que é, sim, possível. As casas são charmosíssimas!




Mais uma hora dentro do ônibus (mais soneca pra todos... dessa vez sem a algazarra e a música).

A cidade de Galway
Chegamos a Galway, a quarta maior cidade da Irlada. Chegando lá não consegui ver nada de muito diferente. Talvez porque tenhamos ido num domingo frio a cidade estava desértica. Poucas pessoas nas ruas, poucas lojas abertas... A mesma paisagem de Dublin, as ruas semelhantes, os pubs semelhantes. Resolvi caminhar.

Assim como acho linda a paisagem urbana de Dublin, achei linda a paisagem de Galway, mas sem nenhuma novidade. O nosso tempo era curto e, como resolvi caminhar pela cidade para conhecê-la, acabou não dando tempo para visitar o porto de Galway, que é lindíssimo. Vou ficar devendo as fotos.

Encontrei esse monumento no centro da praça (acho eu principal) da cidade, mas não havia nenhuma placa explicativa ou algo semelhante. Achei bem bonito e poderia dar uma série de interpretações, mas provavelmente seriam equivocadas.

Encontrei também esse monumento que achei bastante curioso. Este é um conto de duas cidades e dois homens, de Oscar Wilde (1856-1900) e Eduard Wilde (1865-1933), cujo gênio literário e reputação deixaram sua marca na Europa e no mundo. Ele também cria uma ligação única entre a cidade de Galway, na Irlanda e Tartu, Estónia sendo que ambos têm o orgulho de possuir uma escultura em tamanho real dos dois homens sentados lado a lado, como se fosse, em longa e duradoura comunhão literária.







Em Galway comi um dos melhores sorvetes que já provei (isso mesmo, sorvete no frio muito frio). Talvez porque eu seja assumidamente viciada em doces, essa sorveteria me conquistou primeiro pelos olhos. Tem sorvete de todas as coisas mais gostosas que conheço. Acabei pegando um de “Rafaello” com “Kinder Bueno”. É ma-ra-vi-lho-so! Só não provei os outros sabores porque o preço não é dos mais atrativos, mas não me esquecerei desse sorvete jamais.

Foi isso nosso domingo. Várias horas dormindo na volta para casa e chegamos a Dublin. Por hora, fico aqui mesmo. =}

sexta-feira, 22 de março de 2013

Política Brasileira? Aqui?

Manifesação Contra Renan Calheiros em Dublin - 24/fev/2013

Cheguei a Dublin no dia 24 de Janeiro e, não demorou muito para que as manifestações contra a nomeação de Renan Calheiros para presidente do senado (que aconteceu alguns dias após minha chegada) começassem também a movimentar a cidade.

José Renan Vasconcelos Calheiros é um político brasileiro e atual presidente do Senado Federal do Brasil. Cumpre seu terceiro mandato no Senado Federal do Brasil, (1994/2002 - 2002/2010 - 2010/2018) como representante de seu estado natal, Alagoas. Foi Presidente do Senado Federal do Brasil de 2005 até 2007, quando renunciou ao cargo, após várias denúncias de corrupção contra si polarizarem a opinião pública. O escândalo o levou a enfrentar um processo de cassação, do qual foi absolvido no dia 12 de setembro de 2007.

Renan Calheiros (FONTE: Wikipedia)
Nas eleições parlamentares de 2010, Renan Calheiros foi eleito senador pelo estado de Alagoas. Em 1 de fevereiro de 2013 foi eleito presidente do Senado para o biênio 2013-2014 com 56 votos a seu favor.

Pesquisa realizada pelo IBOPE em março de 2013 mostrou que setenta e quatro porcento dos brasileiros "gostariam que o Senado exigisse a renúncia de Calheiros da presidência do órgão". Além disso, sessenta e oito porcento "disseram que provavelmente não votariam em um senador caso descobrissem que ele apoia o peemedebista".

Pelo Facebook iniciaram a campanha “Fora Renan” e decidiu-se que o dia 24 de fevereiro seria o dia de dizer ao mundo que estávamos insatisfeitos com isso. O encontro aconteceria simultaneamente em várias cidades do Brasil e do mundo, onde houvesse brasileiros interessados na política do país.

É lamentável pensar na quantidade de pessoas, em sua maioria ignorantes e analfabetos, que votam em troca de cestas básicas ou coisas que lhes proporcionem algum benefício. É um absurdo ainda maior pensar que existem brasileiros “estudados”, capazes de acompanhar a política do país, que se enchem de argumentos e críticas contras os políticos e contra a economia brasileira, mas quando é necessário mostrar isso e realizar um protesto dessa importância se acovardam e não saem de suas casas.

Uns por mero “esquecimento”, outros por preguiça, outros ainda porque julgam não resultar em nada significativo. O importante é que num país com 192 milhões de habitantes, não se consiga reunir 1% dessas pessoas para protestarem contra algo que “todos” reclamam.

Em Dublin não foi diferente. Por aqui existem cerca de 20 mil brasileiros residentes. Conseguiu-se uma repercussão relativamente grande nas redes sociais e grupos dedicados aos brasileiros que vivem na cidade. A divulgação foi a melhor possível. Em frente à embaixada brasileira, local de encontro, após uma hora de espera, conseguiu-se reunir cerca de 70 ou 80 pessoas.

Não foi diferente no Brasil. Vimos às notícias relatadas pela mídia e a quantidade foi muito menor do que o esperado.

É interessante ver como o povo dos países europeus briga e obriga o seu governo a atender suas necessidades. Quando não são ouvidos, se fazem ouvir. Quando não são atendidos, buscam todos os meios para chamar atenção e serem vistos. Não é a toa que conseguiram se tornar “o primeiro mundo”: o povo conhece e participa da administração da sua cidade e de seu país.

Quem dera pudéssemos dizer isso do nosso Brasil um dia. Quem dera nosso povo não fosse analfabeto ou ignorante. Quem dera os que se dizem inteligentes e participativos realmente participassem. Quem dera o nosso povo parasse de reclamar e começasse a agir...


terça-feira, 19 de março de 2013

A Neve de Dublin


        Quando ficou decidido que meu destino seria Dublin, a primeira coisa que me veio a cabeça (depois é claro do fato de estar indo para a Europa) foi: “vou conhecer a neve, Uhu!”.  Mal sabia eu que era um engano pensar assim. É certo que em Dublin, assim como no restante do país, faz muito frio no inverno, mas não é comum ter neve. Na verdade costuma ser um frio cinzento e chuvoso.

Neve em Dublin - Ano 2010 (Fonte: debaindublin.blogspot)
        No início de 2010 aconteceu um evento atípico: nevou, e muito, na cidade de Dublin. Acontece que a cidade não é preparada para isso, então tudo parou: os ônibus pararam e as pessoas ficaram sem ir ao trabalho, tinham que ficar em casa para evitar contusões devido às quedas na neve escorregadia, o encanamento congelou e o abastecimento de água foi prejudicado, o sal utilizado no derretimento da neve se esgotou. Para resumir, a cidade virou um caos completo.

        Conforme relatos dos que viveram aqui em Dublin nesse período, os primeiros dias são mágicos, ainda mais para os vindos de um país tropical, como é o caso do Brasil (meu caso). Dizem também que passados os primeiros dias de encantamento fica bem incômodo. Ir à escola, ao supermercado, ao banco, tudo fica mais difícil seja pela dificuldade de locomoção ou mesmo pela falta de coragem para sair no frio com camadas e mais camadas de roupas.

        Mesmo com todos esses alertas eu estava muito decepcionada por não ter encontrado a cidade branca quando cheguei. Fui à Wicklow, vi a neve e tudo, mas não era suficiente: não tinha podido fazer anjos ou bonecos ainda, e não tinha sentido ela cair sobre a minha cabeça.

       Um belo dia, quando ainda estava no hostel, olhei pela janela e me pareceu que estava chovendo. Olhei direito e não era chuva: era neve. Saí o mais rápido que pude do quarto e fui para a rua sentir a tal neve no rosto. Pude ver vários carros com uma camada bem grossa de neve, mas a que caía era tão pouquinho que mal dava pra sentir, parecia uma chuva que não molha, ou uma espécie de cinzas no ar. É maravilhoso, mas tão pouquinho... fiquei feliz mesmo assim.


        Após essa data aconteceram mais alguns eventos como esse, até mais forte. Fico maravilhada todas as vezes que neva, acho simplesmente lindo. É incomum nevar essa época do ano, quase no fim do inverno, porém tem nevado pelo menos uma vez por semana. Não é suficiente para formar grossas camadas ou coisa do tipo, no máximo dá para cobrir a roupa e algumas partes mais abertas, mas é lindo sempre.

        Tentei várias vezes fotografar a neve, mas ou parece chuva ou nem aparece nas fotos... é uma pena, porque eu gostaria mesmo de relatar essa beleza. Ainda espero pela neve dos meus sonhos e, talvez e tenha que procurá-la em outro lugar.



        Fico por aqui, na esperança de ainda poder escrever outro post sobre este assunto. =]