Depois
que chegamos e nos estabelecemos, é hora de procurar a nossa agência de intercâmbio (dia 25/01) para receber as orientações necessárias. Falar sobre as malas perdidas, as
primeiras dificuldades e os próximos passos. Como já era de se imaginar,
acordamos super tarde devido ao cansaço do dia anterior, fomos à agência,
andamos um pouco pela cidade e lá se foi o dia. Aqui anoitece por volta das 5
da tarde em consequência do inverno (segundo os que estão aqui a mais tempo, no
começo do inverno anoitecia por volta das 4 da tarde).
No dia seguinte (26/01) resolvemos sair para desbravar a cidade. Conhecer
o lugar que iríamos estudar (as aulas só começariam na Segunda-feira e nesta
ocasião era uma Sexta), conhecer as lojas, ruas... enfim, o lugar que seria a
nossa casa nos próximos meses.
Ao passear pelas
ruas durante o dia só confirmei o que já suspeitava antes: os prédios são
lindos! Adoro ver essas construções com a arquitetura mais clássica... Acho
simplesmente lindo! E uma coisa interessante é que o povo (não sei se por
cultura ou imposição) preserva esse estilo. Os prédios novos ou em construção
seguem a mesma linha dos antigos, não prejudica a harmonia do lugar. É certo
que há alguns prédios bem modernos, mas na minha nada conhecedora opinião,
ficou lindo e harmonioso.
Outra coisa que achei lindo na cidade é
a ausência (ou quase) de emaranhados de fios unido os postes de iluminação.
Acredito que as instalações sejam subterrâneas, mas não encontrei material para
embasar isso, por esse motivo não posso afirmar. A cidade fica com um
aspecto mais limpo de bonito.
Não preciso dizer
que nos perdemos novamente né (mesmo possuindo um mapa que ganhamos no hostel)...
Pois então, nos perdemos. Mas isso foi muito bom, porque pudemos conhecer um
dos lados da cidade que poucos estudantes vão visitar (não fica próximo aos
bares e baladas) e é riquíssimo em história e cultura relacionada aos
Irlandeses. Andando em busca da nossa escola paramos no Memorial dos Famintos.
Um pouco de História - Famine Memorial
The Great Famine – A Grande Fome - em
irlandês “an Gorta Mór”, foi um período de fome em massa, doenças e emigração
na Irlanda entre 1845 e 1852, durante o qual a população da ilha caiu de 20 a
25%. A causa provável da fome foi uma doença da batata comumente conhecida como
ferrugem da batata. Apesar de haver ocorrências da doença em toda a Europa, o
impacto e custos humanos na Irlanda – onde um terço da população era
inteiramente dependente da batata como comida – foram exacerbados por uma gama
de fatores políticos, sociais e econômicos que permanecem assunto de debates.
A fome foi um divisor de águas na história da Irlanda . Seus
efeitos mudaram definitivamente a paisagem da ilha, demográfica, política e
cultural. A fome entrou memória popular e se tornou um ponto de encontro para diversos movimentos nacionalistas como toda a ilha era então parte do Reino Unido
da Grã-Bretanha e Irlanda .
A
fome em massa azedou as relações entre muitos dos católicos irlandeses e pessoas
oficialmente protestantes contra a Coroa Britânica,
aumentando o nacionalismo irlandês que levou à independência da Irlanda no século 20. Os historiadores modernos consideram como uma
linha divisória na narrativa histórica irlandesa, referindo-se ao período
anterior da história irlandesa como “pré-fome”.
Saímos desse lugar carregados
de angustia e, de um sentimento que todos deveriam sentir ao menos uma vez na
vida... acho eu que é um misto de compaixão e reconhecimento da pequenez humana.
A certeza do quão pequenos e o quão capazes de superar as adversidades somos
(só um pouco de devaneios...).
Arquitetura - A Ponte Samuel Beckett
Seguindo nosso trajeto
pudemos ver a espetacular ponte Samuel Beckett, umas das muitas pontes que
cruzam o Rio Liffey e uma das mais importantes. A ponte Samuel Beckett, criada
por Santiago Calatrava, foi inaugurada oficialmente em Dublin em 10 de
Dezembro. A ponte une os lados norte e sul do rio Liffey, criando uma ligação
entre as duas regiões. Esta é a segunda ponte que o arquiteto projetou para a
cidade de Dublin, sendo o primeiro projeto foi a ponte James Joyce, que foi
concluída em 2003. O formato do mastro e os seus cabos é dito para
evocar a imagem de uma harpa deitada em sua borda (a harpa é um ícone secular
para os irlandeses por ser o instrumento tradicional dos bardos e poetas da
Irlanda, a harpa sempre esteve intimamente ligada ao passado celta - heroico e
independente - da Irlanda).
![]() |
Ponte Samuel Beckett em um lindo fim de Tarde |
Ligação Universal dos Direitos Humanos
Caminhando mais um pouco, ainda em busca da nossa
escola, mas já não tão preocupados, passamos por um monumento bem curioso. É um
globo formado por correntes. Em seu interior há uma chama acesa. Nessas
correntes há uma infinidade de cadeados, a maioria com a assinatura dos que já
passaram por ali.
Esse monumento trata-se (em
Português) da “Ligação Universal dos Direitos Humanos”. Possui 260 cm de
diâmetro e abriga no centro uma chama de gás natural que nunca se apaga. Esse
monumento foi encomendado pela Anistia Internacional para o artista irlandês
Tony O’Malley e representa as cadeias que prendem os prisioneiros de
consciência. Na placa explicativa do monumento diz o seguinte: “A chama
não queima por nós, mas por todos aqueles que não conseguimos resgatar da
prisão, que foram torturados, que foram sequestrados, que desapareceram. É este
o propósito da chama”.

Por hoje acho que é só isso mesmo...
PS: As malas chegaram no dia 25 à noite... graças a Deus sem mais contratempos.
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