sábado, 16 de março de 2013

Primeiras Impressões de Dublin


         Depois que chegamos e nos estabelecemos, é hora de procurar a nossa agência de intercâmbio (dia 25/01) para receber as orientações necessárias. Falar sobre as malas perdidas, as primeiras dificuldades e os próximos passos. Como já era de se imaginar, acordamos super tarde devido ao cansaço do dia anterior, fomos à agência, andamos um pouco pela cidade e lá se foi o dia. Aqui anoitece por volta das 5 da tarde em consequência do inverno (segundo os que estão aqui a mais tempo, no começo do inverno anoitecia por volta das 4 da tarde).



No dia seguinte (26/01) resolvemos sair para desbravar a cidade. Conhecer o lugar que iríamos estudar (as aulas só começariam na Segunda-feira e nesta ocasião era uma Sexta), conhecer as lojas, ruas... enfim, o lugar que seria a nossa casa nos próximos meses.

           Ao passear pelas ruas durante o dia só confirmei o que já suspeitava antes: os prédios são lindos! Adoro ver essas construções com a arquitetura mais clássica... Acho simplesmente lindo! E uma coisa interessante é que o povo (não sei se por cultura ou imposição) preserva esse estilo. Os prédios novos ou em construção seguem a mesma linha dos antigos, não prejudica a harmonia do lugar. É certo que há alguns prédios bem modernos, mas na minha nada conhecedora opinião, ficou lindo e harmonioso.




Outra coisa que achei lindo na cidade é a ausência (ou quase) de emaranhados de fios unido os postes de iluminação. Acredito que as instalações sejam subterrâneas, mas não encontrei material para embasar isso, por esse motivo não posso afirmar. A cidade fica com um aspecto mais limpo de bonito.



Não preciso dizer que nos perdemos novamente né (mesmo possuindo um mapa que ganhamos no hostel)... Pois então, nos perdemos. Mas isso foi muito bom, porque pudemos conhecer um dos lados da cidade que poucos estudantes vão visitar (não fica próximo aos bares e baladas) e é riquíssimo em história e cultura relacionada aos Irlandeses. Andando em busca da nossa escola paramos no Memorial dos Famintos.  



 



Um pouco de História - Famine Memorial

        The Great Famine – A Grande Fome - em irlandês “an Gorta Mór”, foi um período de fome em massa, doenças e emigração na Irlanda entre 1845 e 1852, durante o qual a população da ilha caiu de 20 a 25%. A causa provável da fome foi uma doença da batata comumente conhecida como ferrugem da batata. Apesar de haver ocorrências da doença em toda a Europa, o impacto e custos humanos na Irlanda – onde um terço da população era inteiramente dependente da batata como comida – foram exacerbados por uma gama de fatores políticos, sociais e econômicos que permanecem assunto de debates.

        A fome foi um divisor de águas na história da Irlanda . Seus efeitos mudaram definitivamente a paisagem da ilha, demográfica, política e cultural. A fome entrou memória popular e se tornou um ponto de encontro para diversos movimentos nacionalistas como toda a ilha era então parte do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda .

A fome em massa azedou as relações entre muitos dos católicos irlandeses e pessoas oficialmente protestantes contra a Coroa Britânica, aumentando o nacionalismo irlandês que levou à independência da Irlanda no século 20. Os historiadores modernos consideram como uma linha divisória na narrativa histórica irlandesa, referindo-se ao período anterior da história irlandesa como “pré-fome”.

           As estatuas dos famintos de Dublin, no Famine Memorial, representam os irlandeses em caminhada para o porto de Dublin, na tentativa de sair da Irlanda e escapar da grande fome que matou cerca de um milhão de irlandeses, devido à falta de batatas, principal alimento da população.
                  
        Saímos desse lugar carregados de angustia e, de um sentimento que todos deveriam sentir ao menos uma vez na vida... acho eu que é um misto de compaixão e reconhecimento da pequenez humana. A certeza do quão pequenos e o quão capazes de superar as adversidades somos (só um pouco de devaneios...).



          Arquitetura - A Ponte Samuel Beckett


        Seguindo nosso trajeto pudemos ver a espetacular ponte Samuel Beckett, umas das muitas pontes que cruzam o Rio Liffey e uma das mais importantes. A ponte Samuel Beckett, criada por  Santiago Calatrava, foi inaugurada oficialmente em Dublin em 10 de Dezembro. A ponte une os lados norte e sul do rio Liffey, criando uma ligação entre as duas regiões. Esta é a segunda ponte que o arquiteto projetou para a cidade de Dublin, sendo o primeiro projeto foi a ponte James Joyce, que foi concluída em 2003. O formato do mastro e os seus cabos é dito para evocar a imagem de uma harpa deitada em sua borda (a harpa é um ícone secular para os irlandeses por ser o instrumento tradicional dos bardos e poetas da Irlanda, a harpa sempre esteve intimamente ligada ao passado celta - heroico e independente - da Irlanda).

Ponte Samuel Beckett em um lindo fim de Tarde










Ligação Universal dos Direitos Humanos

Caminhando mais um pouco, ainda em busca da nossa escola, mas já não tão preocupados, passamos por um monumento bem curioso. É um globo formado por correntes. Em seu interior há uma chama acesa. Nessas correntes há uma infinidade de cadeados, a maioria com a assinatura dos que já passaram por ali.

Esse monumento trata-se (em Português) da “Ligação Universal dos Direitos Humanos”. Possui 260 cm de diâmetro e abriga no centro uma chama de gás natural que nunca se apaga. Esse monumento foi encomendado pela Anistia Internacional para o artista irlandês Tony O’Malley e representa as cadeias que prendem os prisioneiros de consciência. Na placa explicativa do monumento diz o seguinte: “A chama não queima por nós, mas por todos aqueles que não conseguimos resgatar da prisão, que foram torturados, que foram sequestrados, que desapareceram. É este o propósito da chama”.

Monumento da Ligação Universal dos Direitos Humanos






        Continuamos nosso caminho, encontramos a escola e resolvemos continuar caminhando em direção à "nossa casa" por um trajeto diferente. Passamos por diversas construções lindíssimas, um shopping que lembra a estufa do Jardim Botânico (a primeira foto do post) e ruas e lojas bonitas. O saldo do dia foi bem positivo, aprendemos um pouco de história, vimos muitas igrejas e museus (que ainda teremos que conhecer), conhecemos um pouco da arquitetura local e fomos agraciados com um bonito dia sem chuva (porém com muito frio e vento) em Dublin.

                 
















Por hoje acho que é só isso mesmo...

PS: As malas chegaram no dia 25 à noite... graças a Deus sem mais contratempos.

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