Hoje, 17 de Março, é meu aniversário (obrigada por
todos os parabéns que recebi), estou completando 26 verões e um inverno (27) hehehe.
Apesar de não ser católica, é impossível passar
despercebida à quantidade de história católico-religiosa que existe por aqui. Hoje também
é o dia em que se comemora o dia de São Patrício (Saint
Patrick's Day), um dos
padroeiros da Irlanda,
e é normalmente comemorado neste dia pelos países
que falam a língua inglesa. É esta a principal festa daqui. As pessoas vestem-se de trajes verdes,
saindo às ruas em uma longa caminhada festiva. Hoje é
provavelmente o mais amplamente comemorado dia de santo no mundo.
Pouco
se sabe da vida de Patrício. Aos dezesseis anos, ele foi raptado por piratas irlandeses e levado para a Irlanda
como um escravo. De acordo com sua confissão, Deus lhe disse para
fugir de para o litoral, onde ele iria embarcar em um navio e
retornar a Bretanha. Ao voltar entrou para o mosteiro, retornando em 432 para a evangelização dos irlandeses. Seu principal método evangelização incluía o uso de um trevo de três folhas para explicar a
doutrina da Santíssima Trindade para os irlandeses. Patrício faleceu
no dia 17 de março de
461, e tornou-se o principal responsável pelo cristianismo irlandês.
Com o passar dos anos a cor verde
e sua ligação com o dia de São Patrício aumentou. Fitas verdes e trevos eram
usados nas celebrações do dia. Na rebelião irlandesa de 1798,
na esperança de propagar seus ideais políticos, soldados irlandeses vestiram
uniformes verdes no dia 17 de março na esperança de chamar a atenção pública à
rebelião. A expressão irlandesa "the wearing of the green" (Vestindo
o verde), significa usar um trevo ou então outra peça de roupa em referência
aos soldados rebeldes.
No
passado, o Dia de São Patrício era apenas uma celebração da Igreja. Tornou-se
um feriado público no ano de 1903.
O Festival de São Patrick na Irlanda foi criado em Novembro de 1995 e desde então tem desenvolvido em uma festa de
vários dias que ocorre anualmente em 17 de março. O primeiro foi
realizado em 1996.
Em 1997,
tornou-se um evento de três dias, e em 2000 foi um evento de quatro dias. Em 2006,
o festival durou cinco dias. O objetivo principal da festa é desenvolver um festival sobre o qual o povo irlandês possa se orgulhar, que se propõe a refletir os talentos e as realizações do
povo.. Como o feriado é o comemorado em países ao redor
do mundo, é o dia em que todo mundo quer ser irlandês.
Pois
bem, fui para as ruas e acompanhei o desfile. É semelhante ao nosso carnaval do
Brasil, em proporções bem menores. No Brasil cada escola de samba escolhe um
tema e trabalha em torno desse tema com fantasias e alegorias seguindo uma
série de regras. Aqui o povo pode participar e, pelo que pude perceber as
regras são bem menos exigentes. Pude ver até um “bloco” que representava o
Brasil.
Senti
uma imensa vergonha por aquele bloco. Havia um grupo que representava a
capoeira no Brasil, bem interessante porque retrata uma das músicas da nossa
cultura (apesar de mal ensaiado estava lá). Após isso havia alguns fazendo o que a mídia insiste em mostrar para o mundo: mulheres nuas. Estavam
elas usando biquínis e pintadas de uma forma que remetia à lembrança de índias
(estava um frio absurdo nesse dia), usando a bandeira do Brasil para cobrir o
corpo. Depois delas havia um cidadão pedalando uma bicicleta com uma enorme
placa com a bandeira do Brasil estampada. Apenas isso.
Fiquei
envergonhada porque o nosso país não é apenas isso. É inegável que mulheres
bonitas e em trajes mínimos fazem, sim, parte da nossa cultura, pois é dessa
forma que as mulheres vão à praia (diferente de outros países). Mas não somos
apenas isso! Temos uma história riquíssima para contar: temos o cangaço e seus
personagens, temos a Amazônia, temos o Pantanal, temos o baião, o frevo, as
bombachas... temos tanta coisa que nem consigo listar. O Brasil é um país com
26 estados e cada um possui sua história. Pois bem, somos resumidos a bunda,
Rio de Janeiro, samba e carnaval. Depois não querem que os estrangeiros pensem
que no Brasil tem macacos subindo nos prédios construídos nas árvores e
mulheres de biquíni o ano inteiro.
Enfim, mesmo com o lastimável desfile “representando” o Brasil, o festival estava
muito bom. Muitas famílias com crianças estimulando o orgulho e nacionalismo do
povo (coisa que em minha opinião nos falta um pouco fora das épocas de copa do
mundo...).
Outra
coisa que pude perceber é que existe um abuso absurdo do povo irlandês no
álcool. Eles bebem sempre, mas no festival eles tentam abusar. Aqui é proibido
beber na rua e existem horários restritos para a comercialização, mesmo assim
eles insistem mudando a embalagem da bebida para garrafas de água e
refrigerante. Hoje vi a polícia retirando das mãos de “crianças” bebidas e
jogando fora. Vimos muitas pessoas bêbadas. Aqui existe até uma campanha de
conscientização do governo na tentativa de minimizar o consumo.
Mesmo
assim o saldo pra mim é positivo, pois reúne as pessoas, estimula o
nacionalismo e proporciona um pouco de diversão em um lugar onde as opções são
limitadas.
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